Crônica de Quinta - Quando se sofre só
No
mundo falta tanta coisa, isso é certo, mas uma dessas coisas com toda certeza é
a empatia, o se pôr no lugar do outro, sentir a dor do outro.
Ah,
esse é um dos sentimentos mais bonitos e mais escassos.
Digo
isso por experiência própria, digo isso por ser empática com as pessoas e nunca
receber nada de volta, acho que elas nem sabem o que é isso.
Isso
me faz crer que as pessoas não ligam para o que você está sentindo, elas não
querem ouvir sobre suas dores, elas não se importam, não é mesmo?
No vai
e vem das pessoas não há espaço para as dores dos outros.
Seu
mundo pode então revirar, você pode sentir sua alma despedaçar, seu corpo
entrar em pânico e mesmo assim, você vai estar sozinho, invisível.
Quando
se sofre sozinho, é como ser um fantasma, é como esticar a mão pedindo socorro
e ver pares de olhos te olhando e não te vendo. Ninguém enxerga, ninguém tem
tempo, é como um passar e repassar de dias vazios e inertes.
Empatia,
se ao menos todos soubessem o que é, mas não sabem e nem se esforçam para
descobrir, porque carregar as próprias dores já cansa, já é um fardo grande
demais e ainda carregar a dor dos outros? Nunca.
Às
vezes me pergunto se é assim mesmo, se tá certo o mundo ser essa confusão, se
ele é mesmo todo revirado e cada um por si. Acho que ainda não entendi o que é
esse furacão que carrego em mim, que quer resolver as coisas, que quer aliviar
o fardo do outro, que quer estar para ajudar, para estender a mão, embora alguns
não a queiram e não a peguem.
No mundo
falta tanta coisa, também falta muita coisa na gente, ao redor da gente e mesmo
assim a gente tenta seguir os dias com passos lentos e fatigados, cansados,
sonolentos. A gente tenta sobreviver aos dias enfadonhos e grandes demais, eles
se estendem, se esticam como se a gente estivesse disposta a vivê-los, mal
sabem o quanto a solidão dói, o quanto é escuro aqui dentro, o quanto é sufocante
esse mergulho no próprio peito, na própria alma, o quanto é cortante o silêncio
congelante daqui.
No
mundo falta mesmo muita coisa.
Falta gente
disposta a ouvir, a falar, a abraçar, a apenas ficar para fazer companhia,
faltam coisas simples e como as coisas simples são vistas como supérfluas,
ninguém se importa com elas.
É...o
mundo é uma grande falta de tudo, de tudo...
Edna
Rodrigues
Plágio é crime
Imagem: Google
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