A falsa sensação de felicidade das redes sociais
No dia que fiz essa foto, vinha de uma semana de cama, gripe forte, febre, dor de cabeça e até uma conjuntivite alérgica. Sem mencionar que venho padecendo da pior fase de ansiedade/depressão há um ano, tomando remédio para conseguir levantar de manhã e ir trabalhar.
Porém voltando a foto, eu quis provar pra mim mesma a falsa felicidade das redes sociais, os likes de pessoas que se quer sabem que venho padecendo de tantas formas, que venho lutando ferrenhamente contra mim mesma e dos pensamentos aterrorizantes que me rondam.
Levantei do sofá onde criava raízes desde o início da tarde e fiz a foto, com cara de paisagem, com uma cara contente, enquanto meu corpo pedia pra eu voltar para o sofá, para minha manta quentinha e esquecesse daquela foto, mas insisti, fiz a foto. Joguei o cabelo embaraçado para o lado, fechei o ângulo na cara e desprezei a camiseta amassada com a cara do Cris (Todo mundo odeia o Cris) que comprei num brechó de uma amiga.
Ah, lá estava a tal foto, só faltava um filtro, uma escurecida aqui, uma saturação acolá e lá estava uma pessoa que se não estivesse muuuito feliz, mas de todo não parecia triste e nem com aquele amontoado de dores invisíveis, no rosto não aparece em momento algum que convivo diariamente com aquela caixinha de "felicidade" que compro na farmácia todo mês e nem com as outras varias batalhas para vencer cada minuto.
As curtidas foram chegando uma a uma, sem que as pessoas sequer suspeitassem que o cansaço toma conta do meu corpo, que meus olhos mal conseguem ficar abertos e que eu prefiro ficar embolada no sofá me escondendo do mundo.
Na rede social, todo mundo é feliz, todo mundo frequenta lugares lindos, devoram pratos coloridos e apetitosos, vestem suas roupas mais descoladas, nos presenteiam com seus melhores sorrisos e são sempre felizes, sempre, sempre...
Claro, ninguém quer saber o quanto é sofrido encenar um sorriso ou levantar os olhos para encarar quem questiona seus cabelos emaranhados ou seu corpo jogado por não ter o mínimo de força para suportar as coisas simples do dia.
A felicidade, a beleza, o colorido importam mais do que o grito de socorro, importa muito mais que que lágrimas que brotam do nada, importam mais que os milhões de fantasmas que rodeiam nossa mente.
Afinal, ser apenas uma foto dói menos.
Edna Rodrigues
*Foto arquivo pessoal
Plágio é crime
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