O pior de tudo é não sentir nada



A gente sente, seja alegria ou tristeza, felicidade ou o antônimo dela, a gente sempre sente.
De uns tempos pra cá, cada dia mais temos experimentado sentimentos contraditórios e tumultuados.
E quando não se sente nada?
Antes dava pra sentir quando a tristeza batia, doía, doía muito. Eu podia sentir quando as lágrimas quentes visitavam meus olhos e escoriam como cachoeiras pelo rosto. Eu sentia aquele incomodo tomando meu corpo, o nó na garganta, a retração do estômago, agora, apenas a apatia, a indiferença, o silêncio.
Ah, antes eu podia sentir a alegria fazendo festa aqui, ela chegava e escancarava as portas do meu sorriso e eu podia sentir o brilho lacrimejante nos meus olhos. Ela, a alegria, se espalhava pelo meu corpo tomando tudo, sim, eu podia sentir o arrepio na espinha e a revoada de borboletas dançando no meu estômago. A adrenalina me tirando pra dançar.
E agora o pior de tudo é não sentir mais nada.
Chorar, faz tempo que não sei o que é.
Sorrir, também não.
É estranho sentir a alma assim de mãos dadas com o nada, flertando com o vazio.
Aqui já não tem mais festa.
O sorriso já não é escancarado.
Os olhos já não têm mais aquele brilho lacrimejante.
O arrepio na espinha, acabou.
No estômago, não tem mais a dança das borboletas.
A adrenalina há muito abandonou minhas veias.
Restou o nada, o silencio absoluto, o olhar perdido e as mãos vazias.
E o pior de tudo ainda é não sentir nada.
Edna Rodrigues


Plágio é crime
Imagem:pixabay

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