Diário: Convivendo com a ansiedade - Preciso falar sobre autoestima

Hoje de manhã conversando com minha mãe desabafei o quanto estava me sentindo infeliz com minha aparência, o quanto era estranho não cuidar mais de mim como antes.
Como a ansiedade tinha me tirado tanta coisa, como tinha me tirado a vontade de cuidar de mim, de cuidar dos cabelos, como eu sentia preguiça de retocar a cor e de hidratar, nada mais era como antes, eu sentia preguiça de levantar do sofá pra fazer essas pequenas coisas que fazem a auto estima melhorar, antes não era assim, mas eu não tinha forças para fazer mais nada disso.
Falei pra ela o quanto eu fazia força pra me organizar e até escolhia a cor do esmalte que iria usar quando fizesse a unha, quando fizesse, porque na real eu tentava de todas as formas que esse dia não chegasse, eu não queria trocar meu sono da tarde pra fazer as unhas, então eu as mantinha sempre curtas, limpas, porém sem aquela cor que eu tinha escolhido e com alguns cantos me incomodando.
Mostrei a ela uma sandália nova, linda que eu tinha comprado recentemente, mas que eu usei apenas uma vez por recusar sempre os convites para sair, por dizer não às festas nas casas de parentes, na casa de amigos, pois só de pensar que eu tinha que levantar, lavar o cabelo, passar creme, fazer a unha e parecer "bonita" eu já desistia, era mais fácil ficar em casa jogada no sofá, vendo qualquer coisa na tv, é estranho, mas me sinto cansada, extremamente cansada de tudo.
No meio da conversa falei que tinha resolvido cortar os cabelos para não mais ter trabalho algum com eles, para então entrar embaixo do chuveiro e depois não ter que passar cremes, cachear ou alisar, para que eu não tivesse mais nem um tipo de trabalho com cuidados de beleza.
Me choco de ouvir minha própria voz dizendo isso, admitindo que estou derrotada por uma doença que invadiu minha mente e meu corpo, mas o que posso fazer?
Procuro me manter quase escondida do mundo, quero evitar olhares perturbadores de comparação do antes e do agora, quero evitar responder perguntas que nem sei se tenho respostas, então, fico no meu silêncio, fingindo que tudo que eu preciso é de mim mesma e dos meus fantasmas, fingindo que minha sala escura é o melhor pra mim, fingindo que lá fora não é mais pra mim, mas a verdade é que não tenho forças pra levantar, acender a luz e voltar a ser eu mesma, aquela de antes, a que sorria, que gostava de sair, que tinha animação e muita luz, olho as fotos antigas e desvio o olhar, é como se aquele eu tivesse existido à muito tempo, como se aquela fosse uma história que poderei até contar um dia, mas que não participarei mais dela...
Edna Rodrigues

Foto: arquivo pessoal
Plágio é crime
Diário: Convivendo com a ansiedade


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