Quem dera se a gente tivesse medo apenas de baratas voadoras no escuro.
Quem dera se o bicho papão fosse assim como sempre imaginamos com garras afiadas, olhos enormes brotando de dentro do armário.
Mas como tudo na vida, tem coisas mais assustadoras.
A falsidade vinda de onde nunca se espera.
A dor de ver pessoas íntimas se tornando estranhas.
Quem dera se tivesse só dias de sol e se todos os sorrisos fossem
Rasgados e contagiantes.
Se todos os abraços trouxessem só alento e deixassem a saudade de fora.
Quem dera se o medo fosse só do estrondo do trovão.
Tem também a dor de perceber quem já esteve um dia e já não está.
A infância traz um olhar inocente sobre as coisas e pessoas.
Quem dera se a gente tivesse medo apenas de ficar perdido no supermercado.
Gritando “Mãe”...
Dores diárias são piores que baratas voadoras e bicho papão,
São bem piores que se perder da mãe nos corredores lotados do “mercadinho” mais próximo...
Edna Rodrigues

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