O tempo

Tão cruel, cravou as unhas afiadas no meu rosto, deixou marcas que terei de carregar até o fim.

Terei de me familiarizar a elas me olhando do espelho.

Grudadas no meu corpo, num abraço frio e silencioso.

Meu sorriso agora traz umas marcas profundas que mal posso compreender como foram parar ali.

Terei de carregá-las.

O tempo

Tão cruel, levou minha juventude e me presenteou apenas com marcas, marcas que se apresentam sem que eu possa escondê-las.

Apontam para algum lugar que meus olhos não podem mais enxergar, apontam o dedo pra mim, me acusam de ter vivido, veja só, logo eu que desperdicei tanta vida.

Terei de suportá-las.

O tempo

Tão cruel, me levou a tantos lugares, trouxe tanta gente e mesmo assim, não sou de lugar nenhum e sinto-me só, só eu e elas, as marcas, essas ele fez questão de deixar.

Edna Rodrigues

Plágio é crime