Crônica de Quinta - Minha sanidade em primeiro lugar
Entendo quando Charles
Bukowski diz: “não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão
por perto” acho que já entendia isso desde muito cedo e nem conhecia o velho
Buk ainda.
Sei que prefiro meu
cantinho, prefiro minha companhia silenciosa e até entediante a ter que travar
conversas sem fim que não levam a lugar nenhum.
Prefiro meus livros ao
burburinho animado e vozes altas.
Prefiro me perder nas
letras que entram nos meus ouvidos, seguidas de melodias que me fazem perder o
pensamento.
Sei que meu silencio
parece egoísta, mas quando se trata das pessoas, prefiro me manter a salvo,
minha sanidade em primeiro lugar.
Já sei bem o estrago
que elas fazem, sei que elas não se importam de fato com a gente, não, não
mesmo.
Você mesmo já deve ter
tido lá suas decepções, talvez elas, as decepções tenham chegado junto com
pessoas que eram mais que especiais, é sempre assim que acontece, é quase um
clichê.
Não, me manter a salvo
me custou caro, já tive que catar caco por caco de mim mesma, tive que aprender
a não deixar meu sorriso ser espontâneo, tive que conter alguns sentimentos,
não, eu não tenho mais estrutura pra tentar aproximação vazia, eu não tenho
mais tempo pra pessoas que não me enxergam realmente, porque elas nunca nos
enxergam realmente.
E por incrível que
pareça aprendi a gostar do meu mundo, aprendi que ele é que me salva de muita
coisa, aprendi a decorá-lo do meu jeito.
As pessoas sabem sugar
nossos dias bons e nossas risadas alegres, elas sabem como sair sem dizer
adeus, sabem nos deixar na poeira da estrada como se fosse fácil vê-las ir e
não voltar mais.
Eu prefiro meus
silêncios contemplativos a repetir uma alegria vazia que eu sei, um dia não
estará mais aqui, tem gente que é só um pacote bem embrulhado num papel bonito
com fitas douradas, a gente espera que tenha algo nesse pacote, mas murcha
quando percebe que quase sempre ele vem vazio.
Edna Rodrigues
Plágio é crime
Imagem: Google
*Avisar autoria do desenho
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