Crônica de Quinta - Ensinamentos
Me
ensinaram desde sempre que eu teria que casar, que teria que aprender a
cozinhar, a lavar e a passar. Que eu teria que ser boazinha, baixar a cabeça e
concordar.
Me
disseram que no final da tarde eu teria que estar linda, cheirosa e cabelos no
lugar.
Me
ensinaram que a comida tinha que estar na mesa fumegando, água fresca, filhos
limpos e sem chorar.
Me
ensinaram que eu ainda tinha que estar de unhas feitas, corpo em forma,
impecável, pra agradar.
Me
ensinaram que as dores não eram nada, que eu deveria suportar, calar e me
contentar.
Me
ensinaram que eu tinha que colocar os filhos na cama, deixar a cozinha limpa e
depois ser a mulher mais linda e cheia de desejos, se não apareceria outra pra
tomar o meu lugar.
Que
eu jamais poderia reclamar de cansaço ou de dor, jamais poderia dizer não e
mesmo sem querer eu teria que o contrário mostrar.
Ah,
não sei quem disse isso, mas aprendi desde sempre que mulher não perde a paciência,
não fala palavrão e que tem horário pra voltar.
Me
ensinaram ainda que mulher não bebe, mulher não pode tomar decisões, pois
corremos o risco de solteiras ficar.
Me
ensinaram que amor é uma consequência, que a gente tem sempre que se adaptar,
que quando o outro não está feliz a gente tem que se culpar.
Me
ensinaram que mulher tem se comportar, não pode falar alto, que precisa de alguém pra lhe fazer companhia, pois sozinha não deve
estar.
A gente não precisa das suas regras, a gente
só quer sorrir, se livrar das amarras que nos oprimem, lá no fundo, a gente só
tem que aprender a se amar.
Me
ensinaram tanta coisa e no meio disso tudo eu só queria ser feliz e não ter que
me enquadrar, dizer que os seus padrões não podem me domar, que sou um bicho
bravo e que sabe lutar.
Edna
Rodrigues
Plágio é crime!
Imagem: Google
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