Precisamos falar sobre depressão - Depressão não é frescura, é dor
Mãos sem piedade se fecham em torno da minha garganta, levam embora o pouco de ar que há em meus pulmões.
É um fantasma que habita na escuridão dos meus dias, ele tomou meu coração e minha alma, ele faz meu coração sangrar em silêncio.
Meus olhos vazios pedem socorro, não é um grito, é um silêncio que corrói cada célula do meu corpo, cada partícula do meu universo. Que faz esvair as poucas forças que consigo reunir, que faz meu corpo se contorcer incomodado com a presença de ninguém.
Não há nada aqui.
Ninguém.
É escuro, incômodo.
Não tem janelas, nem frestas.
Socorro!
Meu cansaço não é preguiça, meu tormento não é falta de Deus, minha tristeza não é frescura, é dor.
Mesmo assim ninguém quer saber, passam em silêncio pessoas, dias e o que dizer das longas noites em claro?
Não são fraturas expostas, não sangra para mais ninguém, porém dói e sangra em mim.
Socorro!
São dias difíceis de romper, difíceis de viver.
Que dor maldita é essa que gruda no meu corpo e não me deixa ser quem eu era?
Ela roubou meus poucos sorrisos, me faz repetir o quanto quero ir embora daqui. Ela me aprisiona, me sufoca.
Ela joga na minha cara que só há um jeito de curar essa dor que acaricia cada centímetro do meu corpo e que pega minha alma no colo numa dança louca, a dança da morte que flerta comigo, fita meus olhos vazios, tenho medo e recuo, recuso a dança, sento num canto e abraço meus joelhos e choro um choro que vem do fundo da minha alma triste.
Por que tudo é silêncio?
Tudo em volta é um mundo à parte, é um universo sombrio e só meu.
Por isso, socorro!
Me estenda a mão!
Não deixe a dança da morte fitar meus olhos de novo!
Me ajude a reunir a migalha de força que restou. Me ajude. Me enxergue, preciso vencer a depressão que se apossou do meu corpo sem convite, ela apenas chegou e não quer mais ir embora.
Edna Rodrigues
Plágio é crime, se for compartilhar dê os créditos ao autor do texto.
Avisar autoria da ilustração.
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