Crônica de Quinta - Quando só você é o amigo
A
gente se engana com as pessoas frequentemente, pois a gente sempre se deixa
levar por sentimentos que às vezes crescem só em nós, talvez a culpa seja nossa
e não delas que as coisas deem tão erradas. Nós e nosso sentimento a flor da
pele, aquele sentimento que nos faz chamar de amigo antes mesmo das provas que
nos fazem realmente saber quem é amigo de verdade.
Mas,
sabe quando você aposta suas fichas e entrega suas expectativas, seu tempo, sua
confiança e mesmo assim não parece suficiente? Mesmo assim o outro parece que não
enxerga os seus esforços e que tudo que você faz não parece mais que obrigação?
Triste!
O outro
sempre precisa de você e você sempre está lá, porém, o contrário nunca
acontece, a outra parte nunca está disposta, nunca está por perto, nunca pode
parar nada para ouvir, para cuidar, para conversar, para se dedicar.
Aí
você se dá conta que falta algo, que você se sobrecarrega, que só você cuida,
que só você rega, que só você se importa.
Quando
só você é o amigo, fica difícil de carregar a amizade, de ser inteiro, de se
encontrar no sentimento. Amizade não era pra ser leve? Não deveria ser bom para
todos?
Já me
enganei com tanta gente nessa vida, talvez a culpa seja minha que sempre aposto
alto nas pessoas e descubro da pior forma que elas nos sugam a energia e depois
nos deixam, nos usam como se fôssemos coisas e esquecem que somos pessoas. Nos descartam
como se já não servíssemos mais pra nada, como se a gente já soubesse que seria
assim.
A
gente tem a ilusão de que as pessoas são reais, mas elas não são, elas nos amam
enquanto a gente pode lhes servir de alguma forma, enquanto a gente é útil, é
bom aprender que a utilidade da gente sempre acaba e aí lá se vai a “amizade”
junto.
Eu sempre
tive dificuldade com essa coisa de “amizade”, na infância eu não sabia o que
era, na adolescência descobri cedo demais como eram as pessoas e o que elas
queriam de mim, utilidade, elas queriam que eu servisse para alguma coisa,
nunca foi uma coisa despreocupada, desinteressada.
No final
de tudo a gente se torna forte e cria uma barreira, não para afastar, mas para se
proteger, não para viver sozinho, mas para evitar aproximações vazias.
Tem gente
que trata bem só quando convém, quando você pode oferecer favores, coisas,
depois passa na rua e você descobre que é invisível, nem um aceno, nem um
sorriso, apenas indiferença.
Claro que
existem as pessoas de verdade, que não precisam de artimanhas, nem de
joguinhos, mas sinceramente, eu não as tenho visto muito.
Desisti
de colecionar dores, perguntas e amizades ocas. Cansei de ser amiga sozinha,
de carregar essa responsabilidade de fazer dar certo.
Estar sozinha
em momento algum é estar solitária, é apenas manter a sanidade e ter
consciência de que ser amigo sozinho não é ser amigo é carregar um peso
desnecessário.
Edna
Rodrigues
Plágio é crime!
Imagem: Google/Tumblr
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