Crônica de Quinta - Sinto muito



A gente sente tanta coisa que mal sabe explicar.
Sente saudade de gente que já se foi, sente dor por não poder trazer de volta, sente fome de viver coisas novas e de guardar velhos acontecimentos.
Sentir...
A gente sente vontade de voltar atrás, de dizer tudo que guardou no fundo da alma, sente os dias se esvaindo sem poder impedi-los de ir.
Só sente.
A gente sente que tem que ressuscitar as borboletas que estão mortas no estômago, sente vontade de fazê-las reviver, sente vontade de se perder em abraços quentes que são universos para nos abrigar.
A gente se sente perdido na solidão do mundo, nas manhãs de vento frio e nas tardes de calor.
A gente sente que as palavras sufocam, querem sair, mas a gente tem uma mania boba de deixá-las morrer na garganta por medo de pronunciá-las.
A gente engole lágrimas amargas que sufocam a alma e inundam o peito, a gente tem medo de fraquejar e nunca mais poder segurar as rédeas de nós mesmos.
A gente suspira fundo por refazer velhos caminhos, por lembrar velhas histórias, por querer que tudo volte, porém, os dias são inclementes, nos engolem, nos fustigam, nos fazem sangrar, pedir socorro. O tempo engole cada dia com voracidade e a gente só sente.
Edna Rodrigues

Plágio é crime
imagem: pixabay

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