Crônica de Quinta - A urgência vazia de todos os dias
De
repente somos sugados para o mundo das urgências, onde tudo é efêmero e
atraente.
Nós
sequer aprendemos a lidar com isso, nós, se quer nos damos conta de que estamos
nos modificando, talvez um dia nem nos reconheçamos mais.
A
busca frenética por novidade nos entorpece, nos transforma em pessoas rasas,
sem tempo para realmente enxergar as novidades.
Viramos
um exército que não tem mais tempo para ver um filme porque ele dura tempo
demais, e o tempo é escasso agora.
Não
lemos mais bons livros porque eles têm muitas páginas e não temos mais
interesse nisso.
Interessante
mesmo são os assuntos vagos, as frases pequenas.
Textos?
Nem pensar pois dão preguiça e não são atraentes, e além do mais quem escreve
um texto (que agora é chamado de textão) é taxado de carente, desesperado,
entre outros adjetivos. Criamos palavras novas para classificar as pessoas,
saudável? Não.
Boas mesmo
são as novidades que duram apenas cinco minutos, porque são descartáveis, porque
daqui a pouco viram passado e logo vamos querer mais.
Não estamos
sabendo como engolir tanta coisa de uma só vez, não sabemos como guardar essa
avalanche de notícias, de informações, ditaduras que nos obrigam a ser iguais,
em série. Viramos apenas apreciadores de coisas que não entendemos, na verdade
nem queremos, dá trabalho.
É frenética
a busca pelo novo, a urgência vazia de todos os dias nos engole, suga e nos
cospe, ocos, rasos e esperando mais.
Aprendemos
a olhar para o mesmo lado, a experimentar as mesmas coisas, a falarmos a mesma língua,
porque viramos escravos de nós mesmos e daquilo que nos rodeia.
Não podemos
ser diferentes para não fugir do padrão, temos que ser mantidos exatamente
assim, iguais, cópias, clones, dizendo a mesma coisa, gostando do mesmo e fingindo
que temos as rédeas da própria vida, pois assim fingimos ser felizes e não
precisamos mudar.
Edna
Rodrigues
Plágio é crime
Imagem: Google
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